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domingo, 27 de abril de 2025

Desse concreto abjeto(texto)



Desse concreto abjeto

ChicosBandRabiscando



Eu vejo as árvores, ali, ilhadas.


Coitadas, maltrapilhas e maltratadas.


Já não podem fazer nada.


Onde está aquele verde que compunha as suas matas?


Como posso dizer que estão erradas?


Essa tristeza também me marca.


Diacho!


Não sei por que tantos carros...


Aliás, não sou um homem de lata,


tenho alma!


O sopro de Deus me fez um ser de barro.


Cale-se, seus espigões:


vocês também são vilões.


Do alto, me olham a pisar o asfalto.


Eu sei que se acham...


Mas, pra mim, não vale nada!


Seu Pedro,


por que 'cê foi fazer isso?


O senhor matou um paraíso!


Não precisava disso...


Ora, deixa de bobeira,


Eu te respeito, senhor Ludovico.


Guarde essa cartucheira,


desarreia desse cavalo.


Não vê que sou teu amigo?


A Inês já está morta.


Veja lá fora:


o tempo corre...


Ninguém mais dorme!


A nossa cidade transpira velocidade.


Pois é...


Eu não queria perder a fé,


porque tudo isso me revolta.


Mas parece que não tem mais volta.


Esse concreto é tão abjeto,


é um deserto que não liberta.


Cimentaram toda a terra,


plantaram um mar de casas.


Tem dia que tá faltando água.


Há quem diga que a natureza é ingrata...


É fato é que a cobiça não tem regras.


Ah, isso não tá certo,


e eu não tô cego!


Não foi só o Cerrado que foi enganado.


Deixo aqui o meu manifesto,


preciso ser honesto.


Sou apenas um poeta,


meus versos se veem sem teto.