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sexta-feira, 5 de abril de 2019

Mofo


Tem certas verdades  que são escondidas por trás da porta,
algumas outras,varridas pra debaixo do tapete.
Por tudo isso, só  me resta a  pergunta:

Qual é a tua verdade?

O que desperta a tua sede?

De manhã hastearam a bandeira,

mas o céu estava cinza.
Todos os domingos são sempre assim, 
não me dão opção.

Ou vai pro culto,

ou à missa.

Estou cansado,

não quero!
Tá rolando a preguiça...

Nas paredes do meu quarto fica este tédio,

não tem tinta nova.
Nem posso ir lá fora...tudo vazio!
Até o meu coração.

Mas você insiste que o mito voltou.
Que o mofo é a nossa esperança.
Todos os dias ouço a mesma coisa,
o mesmo blá blá blá...
Guarde o teu discurso,
não vou te escutar.

Ainda assim, 

você repete:

Acesse ao celular;

ligue a TV,
se prenda na  rede.

Será que você não me entende?

Todo este vazio esta me revoltando.

Porque eu quero mais,

necessito de cores.
Tardes nos parques,
novos amores.
Quero passear com o presente...

Mas, onde ele está?

Você o levou...

Às vezes penso que tudo seja um pesadelo,

não vejo mais nada.
Sou um tijolo pra compor o teu muro,
uma sombra no espelho.


A corda.

Acorda!

Tirem-na de mim.


A corda.

Acorda!

Quero ir pro futuro....


Filho,

o passado é a nossa grande invenção da História.
É tudo o que te espera.

Alegre-se,

breve traremos a guerra.

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Autor: ChicosBandRabiscando
Mofo









Credites:Foto: Nick Ut/AP

quarta-feira, 3 de abril de 2019

Os miseráveis

Fome, 
tu és a mãe  da revolução.
Nascestes do sonho burguês,
das chagas do camponês.

Dai-nos o pão!

Dai-nos o pão!


Ora  ora!
se não tem pão,
que comam brioches.

Sádica víbora,

cobra felina.
Ai de ti...de todos.

Aos amigos,
meus favores.
Aos demais, 
a  minha lei.
Eu sou o sol...o rei.
Temido ou amado.
Sou a chave ... a prisão.
A cura...as dores.

Desesperado  populacho,
o próprio sol os inflama.
Pobres almas esquecidas,
meras pontas de lança.

Ergam as vossas flâmulas,

a luta é a única esperança.
Por Deus, 
pela França!

Terra, paz e grão...
Terra, paz e grão...

Rousseau, 
convoque as línguas de fogo.
Que o antigo regime se abale,
abram as vossas cartilhas.

Iluminem,

oh,Liberdade!

Iluminem,

oh, Fraternidade!

Iluminem,

oh, Igualdade!

Ingênua tornou-se a  vida,

brinca na praça com a navalha.
Deus, nos valha!

Chora,oh, mãe pátria!

Clama por teus filhos.
Aos gritos , ela  pede.
Não os trate como párias!

O velho mundo se abala.

O velho mundo se abala.

Miseráveis Sans-culottes;

que Deus lhe dê a boa sorte,
a boa morte.

A tempestade se levantou,

é a Bastilha.... Versalhes.
Ante que esta noite se dobre,
tudo há de cair....,
tudo há de cair.

Lutarei contra este medo,

abaixo a servidão!
Nada mas de chicotes,
resistirei aos açoites.
Quero um naco de pão,
uma terrinha no  feudo.

No céu, o grande dragão,

longa são as tuas assas.
Do fogo só restam brasas,
trevosa inflação!

Peste, 

por quê nos envia os banqueiros? 
São  aves de rapina, 
devoradores do dinheiro.
Tudo lhes interessa, 
até  a nossa dor.
Ratos,
queimem nos infernos!

Tristes tempos da  incertezas,
a fome nunca foi boa amiga.
Já não  há mais colheitas,
chorem barrigas!
O pranto ganha à noite.

O que será de ti, 
oh, mãe pobre!
Triste  sorte,
meu coração por ti dói.
Lamento por teus filhos.

Nem mesmo céu coopera;

ainda por cima, 
este inverno.
Falta-nos tudo,
menos a guerra!

Miseráveis, 

todo fogo sobre vós agora ardeis!
Arde!
Renegadas almas esquecidas;
camponeses,
sapateiros...artesãos.
Os filhos pobres dos Burgos,
dos guetos... da solidão.

Eu agora os escuto!

Eu agora os escuto!

Vós sois mais que a realeza,

os verdadeiros filhos de Deus.
Alto clero,
por que os rejeitam?
Não vê?
O povo também sente fome,
sede.
Toda miséria os consome.

Abaixo as vossas púrpuras,

a toda luxúria.
Eu os desprezo.
Tudo isso é loucura,
insensível loucura!

Luiz..Luiz!

Paris vos chama,
também vossa rainha.
Não os deixem a esperar na praça...

Pobre corte!
O populacho esta insano;
agem como vampiros,
querem sangue.
Sangue á taça.
Dezesseis, ao cadafalso.
Há um caso de amor, 
é a multidão e o carrasco.

Famintas prostitutas,

tão desinquietas se oferecem.
Já não há pudor,
toda maldade esta nua.
O sexo tomou as ruas...
Ninfomaníacas, não se saciam.
Ainda hoje dormirão com a verdade.

Nobre rei, veja aquela.
É a jovem guilhotina,
de todas,  a mais sádica,
Ama recitar versos ao terror.
Percebe, ela o deseja.
Lhe quer na cama.

Se apronte realeza,

a prostituta não espera.
Dispa a tua roupa,
faça a tua prece.
Guilhotina não mente,
sexo necessita calor.

Ela vos ama!

Ela vos ama!
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Autor: ChicosBandRabiscando





Credites:https://pixabay.com/photos/france-french-revolution-civil-war-63022/
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Loki


Loki


No mundo não me cabe mais ter um lado;
pouco me importa a tua posição neste Estado,
o lacre da História já foi violado.

Direita,
Esquerda,
marcha soldado.....
Direita ... Esquerda, marcha soldado....

O fake  esta  nas redes,
tá rabiscando os muros.
Ele ganha as passarelas,
tá ditando a moda.

Entenda que eu não tô afim,
não quero ouvir teu discurso.
Não tente reinventar a roda,
teu pensamento é pura quirela.

Porque a História é um devir,
sempre caminha...
No meu rosto não  vai cuspir,
não babe em mim tanta saliva.

Agora estou  na minha,
não quero saber de doutrinas.

Agora estou na minha,
não quero saber de doutrinas.

Agora estou na minha,
nada de doutrinas.

Sentado na tua cadeira do poder,
a paranoia organiza a sua trama.
Deus, como pode ser!?

Não se deve apagar as luzes da cidade,
tão pouco, descosturar a teia da História.

Não acredite neles,
é puro revisionismo!
Os zumbis estão soltos, 
fechem os hospícios.

Se o mundo chegou até aqui,
todos nós sabemos o porquê.

A História  sempre  estará  viva,
não há de esquecer os vencidos,
porque o passado dita á  memória.
A tua fome é pura ideologia.

Por isso,
não me seduza às mentiras.
Fale-me o que seja á verdade.
Velhos fantasmas não morrem,
jamais  esquecidos.

Direita... Esquerda, marcha soldado.
Direita,
Esquerda,
marcha soldado....

Não tô afim,
não quero  lado.






                                                 

                                                        Autor:  Francisco de Assis Dorneles







Credites:https://pixabay.com/illustrations/fake-news-lie-news-media-2127597/










segunda-feira, 1 de abril de 2019

Conselhos


Jovenzinha, ainda me cheira uma criança.
Pensa ter em teu quarto o melhor conselheiro.
Ora  ora!  Definitivamente te afirmo que não!
Entenda que o teu presente é a veste da ilusão.
Plantinha nova, tire as cascas desta tua vaidade,
pois, ainda ontem era apenas uma semente.

Balança-te agora, linda rosinha.
Vive ao  sopro da mocidade!
Somente escuta este espelho.
Um dia também  entenderá.
Verá que só tempo ensina...
Fica-te agora com os teus zelos.

Outrora, 
eu também já fora menina!
Agora,
uma velha senhora.
Sou a tua vozinha dos brancos cabelos.
A maturidade que te traz os conselhos.





Autor: ChicosBandRabiscando








                                             


Nova ordem



Não confie tanto na fala de um adulto;

é bom que cuide bem da tua planta.
Não vacile tanto, apure os instintos.
Espere pelo novo sem ficar parado.
Tenha sempre um plano y em mente.
Desperta , garoto, siga em frente....


Acredite, ideias são como adubo.
Não se trata de negar velhos conselhos.
Não é isto não, meu jovem mancebo!
Pule desta cama, esteja no fronte.
O futuro chegou escavando o presente.
Não tente segurar os  ponteiros.

Entenda, os dias  são diferentes!
Foi quebrado espelho.
Passos firmes, sol no poente,
proteja o teu puro coração.
E não vacile com a "mamãe Matrix".
Antropofagia tecnológica é disrupção.

A miopia  passado tenta finca os pregos.
Porém, novos heróis não se criam.
O novo mundo é uma distopia.
Que o digam  Asterix e Obelix.
Bem vindo ao  fim dos teus dias.

Porque o novo céu desmorona...
Não basta ter boa intenção,
não!
Porque o novo céu desmorona...
Nada disso vai te curar ou salvar.
Por que eles nunca vão entender?

Seja você, seja você!
Nada de uma sessão da tarde.
Abandone o  sofá, desligue a TV.
O passado já não é mais seguro.
Onde é que você vai estar?
Paisagem, tijolo no muro?

Não chore, mimado garoto.
O XXI é assim tão diferente.
Nenhum profeta é senhor do tempo.
E o relógio já perdeu seu lacre.
Segure o girar da tua mente.
Nada mais a fazer,tudo acelerado.

Pecado é não crer.
Seja um bom gaulês, 
empunhe o teu escudo.
Em guarda;adeus presente.
Bem vindo ao futuro.

Faça a tua faxina,
esvazie as gavetas.
Não há mais certezas.
Não há mais certezas.
A dança é a mudança...
Nada fica sobre a mesa.

Limpe tudo!
Reinvente o teu nome.
Não alimente o sistema.
Dilemas, recomeços...
Nada fica sobre a mesa,
Reinvente-se,senão você some.

Porque o céu desmorona...
É preciso ter fome.
Porque o céu desmorona...
É preciso ter fome.
Porque o céu desmorona...
É preciso ter fome.






Autor: ChicosBandRabiscando



                                                                    



                                                                            


Credites:Foto por sebastiaan stam de Pexels