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sábado, 14 de junho de 2025

O último parafuso impresso


Ainda tentamos apertar o último parafuso...
Mas tudo anda confuso...
Até parece que somos intrusos habitando um outro mundo.
Que absurdo!

O automatismo vai tomando conta de tudo...
O real se tornou tão abstrato
que o avatar é o nosso autorretrato.

Os sentidos se veem corrompidos:
a nova fé é o dataísmo.
Do Paraíso,
saltamos para o Trans-Humanismo.

A sensação é que tudo foi violado,
não sabemos mais se ainda temos um lado?

Nos vemos embriagados por resultados,
fascinados, seguimos ao fluxo dos dados...

E a disrupção, a cada dia,
nos apresenta uma nova versão...

Perdemos o chão!
Não há mais relatos de pane no sistema:
a máquina tornou-se a mãe dos poemas.

Sem mais dilemas...
as almas se calam,
mas a dor não passa!

Assim nos vemos robotizados:
presos à rede, como peixes de aquário.
Solitários, mas também conectados.

Os algoritmos vão ditando o ritmo...
O sistema é preciso, é um vício!
A linguagem tem outro dialeto,
estamos matando o nosso alfabeto.

Mais do que isso...
o Paraíso agora é sintético:
de suas fábricas nascem os bebês de borracha.
Aos poucos, a vida vai perdendo os seus gestos.

Sabemos que está errado,
pois nos vemos cansados,
programados para dar errado.

Da imanência à transcendência,
a consciência é uma bênção!

Não podemos perder as nossas referências
por esse excesso de ausência...

Talvez eu esteja a escrever o último manifesto.

O que é mesmo... esse futuro?

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O último parafuso impresso 
ChicosBandRabiscando