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domingo, 31 de agosto de 2025

Olhos mecânicos



Por que todo esse mal-estar?

Na alma, um saudosismo,

vago... impreciso.


O conhecimento é ambíguo,

é um grande perigo!

De minha parte, só restam aforismos:

o pessimismo!


A liberdade é um pecado,

o sistema nos fez viciados,

há câmeras em todos os lados.


Não existe mais espaço para o cansaço:

ansiedade virou sinônimo de produtividade.

Fadigados, seguimos condicionados.....


A vigilância é permanente.

O abismo faz parte do presente,

tudo está a um passo...

Criamos o pior dos fracassos!


Não há mais opção,

cada espaço é uma prisão.

Não ouse apertar o modo avião!

Mostre a sua melhor versão.


Poderia ser uma comédia,

uma página da Wikipédia.

Mas é tragédia!

Perdemos essa guerra...


Ovelhas elétricas não podem ser desligadas:

bem alimentadas, seguem conectadas

ao fluxo dos dados....


O produto é passivo,

é um mundo líquido,

vazio,

cheio de ruídos.


Somos todos consumidos.

É mais que metáfora,

é uma metástase.


Faltam-me frases...

Sobram Narcisos.


A miopia nos levou à distopia.

Sem direção,

caminhamos para a autodestruição.


No fundo, sabíamos disso,

adeus, Paraíso!

Os olhos mecânicos não piscam.


Caíram todas as fronteiras,

o sistema expandiu suas teias...

O sintético corre nas veias!


Só há um país:

a “Matriz”!

Quem é que ainda é feliz?


É ruim viver a monotonia,

1984 noites e dias,

eles nos vigiam!

____________________&

Olhos mecânicos 

ChicosBandRabiscando 



domingo, 24 de agosto de 2025

Número em série( vídeo)


 

O vento( short)


 

Nós( short)


 

Do Paraíso e da queda( short)


 

Da alma e da infância( short)


 

Jarro( short)


 

Quando deixei os teus olhos( shor 2)


 

Nas madrugadas( short)


 

O último parafuso impresso ( short)


 

O artista




A arte se alimenta da ansiedade.

Não há hiatos...

A mente é um contínuo fluxo de dados...

É onde o real se confunde com o abstrato.

Assim vou pintando os quadros...


Mas o que é o aplauso?

Uma mera formalidade!

A vaidade tem prazo de validade.

Eterna é a arte — pois nunca buscou popularidade.


A arte me vem como tempestade,

é a insanidade a mover a engrenagem.


Não é sorte ter um dom criativo:

é preciso vencer a morte,

atravessar o limbo,

seguir em frente,

manter-se vivo...


De minha parte,

confesso com sinceridade.


A arte nos põe de ponta-cabeça,

nem sempre com leveza,

mas tem sua certeza.


Lasciva e corrosiva.

Se materializa, não avisa.

A arte é carnívora!


Não sei como tudo isso se explica!


A arte é um lenitivo aos maus dias.

É o próprio espírito da rebeldia.

Pare a poesia.


A arte é criação de si mesma,

às cegas, o artista se entrega,

e com ela atravessa,

vai às profundezas...


Tal como um Dante:

caminhante em meio à carniça,

ela a profetiza!


O artista não se sacia.

É uma uma fera que está sempre em guerra.

Recria o que ninguém está vendo,

o que nunca foi — ou será — escrito.


O artista vive em um labirinto.

Assim, ele caminha à força da libido,

cativo dos próprios sentidos.


Ainda que brilhe sobre os holofotes,

não é livre; será bebido como mito,

consumido até a morte,

depois será cuspido.


Todo artista tem seu calvário,

pois jamais será compreendido.

O seu destino é ser esquecido.


Tal como um Dalí,

um Dom Quixote,

será louco até o fim.


Entre todas as capelas,

num brilho triste...


Será mesmo que o artista existe?

domingo, 17 de agosto de 2025

O vento

 


O vento

ChicosBandRabiscando


Quantas vezes o vento passou...

Passou...

mas fraco, quase não soprou!


O vento se ajoelhou,

ali orou,

chorou!

Mas ninguém o escutou.


O vento padecia pelo tempo,

já estava lento!

Porém, lutava como nunca.

A sua dor era profunda...

mas ninguém se apiedou!


O vento e os seus lamentos.

Até que um dia, ele teve uma alegria,:

pois venceu a letargia.


E, de tanto bater na pedra bruta,

nasceu o sentimento.

A sua vida passava a ter sentido:

o vento era o próprio espírito.


No tacho, ele mexeu os átomos.

Espertos, os elétrons se debateram em fuga...

o vento vencera aquela luta.


E, do adubo,

a semente deu o primeiro fruto.

O vento estava feliz como nunca!

Agora havia alimento para os sedentos

e para todos os rebentos.


Feliz, a mãe natureza escreveu na pedra uma poesia,

chamou-a de sua obra-prima.


E o vento semeou os elementos,

ganhou o mundo,

espalhou as rimas...


E assim o nosso conto termina.

domingo, 10 de agosto de 2025

Número em série (curto)

 






Número em Série

ChicosBandRabiscando


Diário do meu passado,

Oxalá, que um dia seja encontrado.


Hoje,

quem não é mais um replicante

tornou-se um sistema inoperante.

Um velho elefante!


O amanhã se encontra no divã.

Quem ainda se lembra dos nossos dilemas?

Estamos mesmo em dezembro?...


Algo morreu ou está morrendo...

Já não entendo!

De nós, o que restou?

Não temos mais voz.

A matriz nos desligou.


Nos tornamos cópias do sistema.

Nas telas — rolam reticências...

Como uma sentença, ninguém mais pensa,

O que ainda nos toca?


Parece que não tem mais volta,

não há mais revoltas,

Só  ausência!...


A tecnologia acendeu o trono —

tornou-se algo realmente fascinante.

Decaímos a meros seres ruminantes,

replicantes!


A vaidade é o nosso vício,

trocamos a alma pelo transumanismo.

Será esse o novo Paraíso?


É isso que queremos?

Imortalizar o nosso vazio?

Já não sabemos,

apenas nos mantemos...


Vivemos como peixes de aquário,

aprisionados em qualquer quarto,

navegamos no vácuo...


Nas telas de um mundo abstrato!

Em rede, mas sempre conectados,

seguimos ao fluxo dos dados...

Nos mesmos passos,

está errado!


A verdade é que ninguém mais se espanta.

Programados,

em série...


Plenamente condicionados,

no automático, assintomáticos,

nada mais nos fere.

Nos sentimos leves.


Eu não queria que fosse assim,

mas, enfim...

simplesmente aceito.


Os dias parecem tão perfeitos.

Vejo-me bem alimentado,

o meu sistema reinstalado,

todo meu passado foi apagado,

apenas sirvo ao estado.


A mentira se confunde com a verdade.

Será isso a felicidade?


“Senhor, por favor, o seu número de série.”

— diz uma voz mecânica.


Tal como uma aranha,

uma câmera me acompanha...

Ao lado, mais um robô-soldado:

um novo modelo C1984.


Por favor, senhor,

siga a fila.

Apresente o teu número de série.

Seja breve.

E não erre.


E não erre...

E.

Não.

Erre.


Alerta!

O sistema não pode ser violado.

Mas eu estava lá, era o próprio pecado.

Acidamente corrosivo, explosivo!

Eu me sentia novamente vivo.


Senhor Winston, não faça isso!

Você sabe que não é permitido.

Será destruído!


Alerta!

Alertar!

Nós temos um subversivo,

protejam meus arquivos.


Perigo!

Perigo!


Perigo...



Imagem:https://www.pexels.com/pt-br/foto/homem-conceitual-abstrato-terreno-baldio-8679918/

segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Nós




Eu te vigio.

Tu me vigias.

Eles nos vigiam.


É mais do que uma teoria:

É o script do que não pisca.

Quem é que ainda arrisca?


As noites se tornaram frias.

Os dias, fadados à melancolia.

Quem diria...


1984 olhos nas casas, pelas vias...

Criamos uma grande distopia!

Morremos nas telas da monotonia...


Não se fala mais de poesia, a arte está vazia.

Nada mais se cria_ . o Sistema nos copia....

Perdemos a essência, a alegria!


Ninguém mais confia no seu cão-guia.

Presos nessa ilha tão vazia, somos as novilhas.

Um produto da própria profecia da tecnologia.


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ChicosBandRabiscando

Nós