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sábado, 14 de junho de 2025

O último parafuso impresso


Ainda tentamos apertar o último parafuso...
Mas tudo anda confuso...
Até parece que somos intrusos habitando um outro mundo.
Que absurdo!

O automatismo vai tomando conta de tudo...
O real se tornou tão abstrato
que o avatar é o nosso autorretrato.

Os sentidos se veem corrompidos:
a nova fé é o dataísmo.
Do Paraíso,
saltamos para o Trans-Humanismo.

A sensação é que tudo foi violado,
não sabemos mais se ainda temos um lado?

Nos vemos embriagados por resultados,
fascinados, seguimos ao fluxo dos dados...

E a disrupção, a cada dia,
nos apresenta uma nova versão...

Perdemos o chão!
Não há mais relatos de pane no sistema:
a máquina tornou-se a mãe dos poemas.

Sem mais dilemas...
as almas se calam,
mas a dor não passa!

Assim nos vemos robotizados:
presos à rede, como peixes de aquário.
Solitários, mas também conectados.

Os algoritmos vão ditando o ritmo...
O sistema é preciso, é um vício!
A linguagem tem outro dialeto,
estamos matando o nosso alfabeto.

Mais do que isso...
o Paraíso agora é sintético:
de suas fábricas nascem os bebês de borracha.
Aos poucos, a vida vai perdendo os seus gestos.

Sabemos que está errado,
pois nos vemos cansados,
programados para dar errado.

Da imanência à transcendência,
a consciência é uma bênção!

Não podemos perder as nossas referências
por esse excesso de ausência...

Talvez eu esteja a escrever o último manifesto.

O que é mesmo... esse futuro?

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O último parafuso impresso 
ChicosBandRabiscando 

 


            


sábado, 31 de maio de 2025

Sanguesia( short)


 

Os dias...( short)


 

O poço( short)


 

Annabel Lee ( E. Alla Poe/ Clássico)


 

O Corvo( E. Alla Poe/ Vídeo)


 

Poesia insana( vídeo)


 

Desse concreto abjeto( vídeo)


 

Das últimas chuvas de verão( short)


 

Veleiro em chamas( vídeo)


 

Um rosto na multidão( short)


 

Eu sei! (Vídeo)


 

sábado, 3 de maio de 2025

Cora e Curau ( texto)

 



Fui serrado pelos dentes ressecados do Cerrado.

Pisoteado pelo estouro do gado que invadiu o asfalto.

Vejam só o meu estado; chega, não quero mais!

Porque certas saudades tenho demais! 


Peguei as malas e tranquei a casa.

Burlei o tempo, parei na  Villa Boa de Goyaz.

Caminhei  os meus sonhos por aquelas ruas de pedras...

O vento trazia do campo um doce aroma de ervas.


Ela estava à janela, convidou-me a adentrar o seu humilde lar.

Era a Casa Velha da Ponte da Lapa, é onde a sua alma ficava. 

Sentei-me à mesa da sua gentileza, eu comi curau com Cora.

Noutra hora, a doce senhora  me serviu um bom arroz com pequi.


Logo ela viu que eu não era dali: 

__ Meu jovem rapaz,  por que chora?

__ Não se acanhe, puxa um banco , assente-se mais próximo de mim.

__ Esta vendo a Ponte da Lapa, ali passa mais do que água, flui a poesia! 

__ um copo, se embebeda dos versos, não terá mais sede nos dias.

__ Jovem moço, a vida para uns é um sopro, a outros, um eterno desgosto!


Sorri entendendo o que dizia a serenidade daqueles olhos, segui em paz...

Ainda olhei para trás, avistei a Casa Velha da Ponte abaixo de um monte.

Senti-me criança quando parei e sujei a boca com amoras, fui me embora!...

 

Em casa, encontrei os dentes do serrote do Cerrado, molhados e enferrujados. 

Mas estava abençoado, deixei nos muros da cidade versos dando meu recado.

Fora benzido pela Aninha, já não tenho mais medo de nenhum mau-olhado.

Desci a avenida Anhanguera,vi o Diabo Velho, não importa, acendi uma vela!


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Cora e curau

ChicosBandRabiscando



 

 

 

Poesia insana

  


Passamos a vida vivendo como gado,

marcados e cerceados em um pequeno espaço.

De manhã, levantamos e lavamos a cara.

Bem rápido, ligamos o carro,

aceleramos pra não chegarmos atrasados no trabalho.


Mas o trânsito para...

À frente, vai mais um enlatado.

Ah, isso não é raro!

Como pode caber tanta gente?

Realmente, somos um bando de formigas.

Que fadiga!


A cidade simplesmente gira...

Gira, e a gente transpira,

se complica com essa vida!

Vivemos numa grande ilha de mentiras.

Conectados, mas sem saída.

A dor se esconde por uma esquina,

avançamos sem quer sem um cão-guia.


Mas o mês passa,

e o sol racha...

O dinheiro parece que sempre é pouco.

No ringue, ganhamos mais um soco.

Deus, que sufoco!


Todo dia é assim...

É pra você,

é pra mim!


Nada parece diferente,

a não ser os acidentes

tão frequentes.

São gente da gente!


A vida urbana é mesmo insana.

O dia escorre e não socorre...

e o relógio só nos empata.

Até o poente, é faca nos dentes!


A vontade é de voltar logo pra casa,

comer aquele arroz antes que fique pra depois.

Pois um novo dia já nos chama,

e o jeito é pular da cama.


O que querem que eu faça?

Trocamos o verde por essa desgraça.

Quem sabe um dia isso acaba...

E a gente arruma as malas .

Ah, viver não é de graça.

Mas chega de tanta trapaça!

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Poesia insana

ChicosBandRabiscando

domingo, 27 de abril de 2025

Desse concreto abjeto(texto)



Desse concreto abjeto

ChicosBandRabiscando



Eu vejo as árvores, ali, ilhadas.


Coitadas, maltrapilhas e maltratadas.


Já não podem fazer nada.


Onde está aquele verde que compunha as suas matas?


Como posso dizer que estão erradas?


Essa tristeza também me marca.


Diacho!


Não sei por que tantos carros...


Aliás, não sou um homem de lata,


tenho alma!


O sopro de Deus me fez um ser de barro.


Cale-se, seus espigões:


vocês também são vilões.


Do alto, me olham a pisar o asfalto.


Eu sei que se acham...


Mas, pra mim, não vale nada!


Seu Pedro,


por que 'cê foi fazer isso?


O senhor matou um paraíso!


Não precisava disso...


Ora, deixa de bobeira,


Eu te respeito, senhor Ludovico.


Guarde essa cartucheira,


desarreia desse cavalo.


Não vê que sou teu amigo?


A Inês já está morta.


Veja lá fora:


o tempo corre...


Ninguém mais dorme!


A nossa cidade transpira velocidade.


Pois é...


Eu não queria perder a fé,


porque tudo isso me revolta.


Mas parece que não tem mais volta.


Esse concreto é tão abjeto,


é um deserto que não liberta.


Cimentaram toda a terra,


plantaram um mar de casas.


Tem dia que tá faltando água.


Há quem diga que a natureza é ingrata...


É fato é que a cobiça não tem regras.


Ah, isso não tá certo,


e eu não tô cego!


Não foi só o Cerrado que foi enganado.


Deixo aqui o meu manifesto,


preciso ser honesto.


Sou apenas um poeta,


meus versos se veem sem teto.

sábado, 22 de março de 2025

Experimental amor


 

Feito solos de uma guitarra distorcida no palco da vida,


Sem saída, 

a arte nos imita, querida.


Aqui você esteve,

Não mais está.


O que aprendemos com os nossos pais?


Eu sei,


Mas bem que poderia me avisar.


Porque as coisas mudam de lugar...


Não precisa mais falar,


Um dia a gente descobre o que é amar.


Por isso é preciso cuidado.


E pensar que quis ser mais do que o seu namorado.


Mas às vezes as coisas, infelizmente, dão errado.


Sem sabermos onde tudo foi parar,


Numa roda gigante, o mundo pode ser pequeno demais.


Tão alto e tão baixo como os nossos hiatos...


E girando, às cegas,a vida segue...


Lamento que tenha sido breve,amor,


Mas seja onde for...,


O tempo faz que tudo seja curado.


Então, esqueçamos a essa dor,


Pois o destino é o que nos escreve!


Releve o que foi breve,


Sigamos em paz, em paz!

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Experimental amor

De: ChicosBandRabiscando 


Obs : não tinha complicado texto, somente o vídeo.


Imagem: https://chat.qwen.ai/

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

O trem do tempo

 




O trem do tempo

De: ChicosBandRabiscando


O tempo é tão breve que nem nos fere.

Quando nos vemos,

viramos cascas,

que o vento sopra e logo passa...


Ainda assim,

o tempo nos marca com um nada.

Afinal, o que é tempo,

se nem o vemos?


Pois, se um dia nascemos,

não percebemos,

apenas nos mantemos...


Vejam o exemplo da nossa infância,

que ficou na distância...

Sinceramente,

não sei se algum dia realmente vivemos?


Mas que falsa é nossa esperança,

somos parte da mudança que segue em pujança...

Para quem não está vendo,

que fique sabendo:

no calendário é mais um dezembro...

E continuamos correndo!


Mas um belo dia,

o sol não vem,

pegamos um trem,

enfim, morremos!


Ah, mas não se fala da morte!

Dizem que não dá sorte;

ninguém quer esse trote,

não é um bom dote!


Fato é que o tempo tem fé,

segue firme com sua espada,

rompendo a estrada...


Enquanto muitos acumulam,

tanto...

para nada!


Quem, além do caracol,

carrega sua própria casa?

Um dia tudo acaba!


Então, caros amigos,

a vida é uma cilada sem salada.

Na carne está o anzol.

Felizes são os simples,

que vivem com quase nada.


Para os que já estão vivos,

a vida sempre terá sentido.

Deixemos de lado a entropia,

uma vida vazia.


Fato é que não precisamos ser cativos.

Portanto, leiamos um bom livro,

exaltemos a nostalgia,

recitemos poesias....

Sonhemos as nossas utopias.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

Paulo de Tarso



Orgulhoso, bem o sei,


Eu era um doutor da lei.


Pela força da oratória, sabia que fazia escola,


Assim, o jovem moço seguia a caminho de Damasco.


Outros comigo também iam,


Todos armados com gumes de aço.


Acreditávamos que tudo se resolveria fácil:


Os seguidores do falso messias cairiam à força do laço.


Mas no calor daquele meio-dia,


Surge uma luz — eu já não via!


Meu orgulho profundo se curvou


Diante da força daquele amor.


E o servo de Tarso finalmente conheceu o seu fracasso.


"Saulo, Saulo!


Por que me persegues?


Não me causes guerra,


És para mim o puro sal da terra.


Saulo, abandona as trevas,


Vem e me segue..."


_"Ora, quem és que não consigo ver?


_Por que me envolve com tamanha luz?"


Não quero carregar está cruz!




_Filho, não chores!


Breve abrirei novamente os teus olhos.


Falo-te agora, da alma para fora...


Trago-te a Boa Nova!


Cego te torno, mas para que do deserto sejas liberto.


Procura Ananias e reencontrarás novamente alegria.


Breve caminharás comigo.


Incompreendido, serás ferido,


E sofrerás os castigos dos mártires perseguidos no circo.


Mas não temas perigo algum, pois contigo sempre estarei.


Porque tudo já estava escrito:


O perseguidor servirá a Cristo.


Saulo, não sou mais teu inimigo!


Escolhido, irás plantar os meus belos lírios.


És semente do meu evangelho,


Tão bem te quero!


O peregrino encontra aqui o seu destino.


Tua boca já não se cala,


Em ti, todo o amor agora fala!


Outrora,

Eras Saulo.


Agora,

Te nomeio Paulo!


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Paulo de Tarso

ChicosBandRabiscando