sábado, 31 de maio de 2025
sábado, 3 de maio de 2025
Cora e Curau ( texto)
Fui serrado pelos dentes ressecados do Cerrado.
Pisoteado pelo estouro do gado que invadiu o asfalto.
Vejam só o meu estado; chega, não quero mais!
Porque certas saudades tenho demais!
Peguei as malas e tranquei a casa.
Burlei o tempo, parei na Villa Boa de Goyaz.
Caminhei os meus sonhos por aquelas ruas de pedras...
O vento trazia do campo um doce aroma de ervas.
Ela estava à janela, convidou-me a adentrar o seu humilde lar.
Era a Casa Velha da Ponte da Lapa, é onde a sua alma ficava.
Sentei-me à mesa da sua gentileza, eu comi curau com Cora.
Noutra hora, a doce senhora me serviu um bom arroz com pequi.
Logo ela viu que eu não era dali:
__ Meu jovem rapaz, por que chora?
__ Não se acanhe, puxa um banco , assente-se mais próximo de mim.
__ Esta vendo a Ponte da Lapa, ali passa mais do que água, flui a poesia!
__ um copo, se embebeda dos versos, não terá mais sede nos dias.
__ Jovem moço, a vida para uns é um sopro, a outros, um eterno desgosto!
Sorri entendendo o que dizia a serenidade daqueles olhos, segui em paz...
Ainda olhei para trás, avistei a Casa Velha da Ponte abaixo de um monte.
Senti-me criança quando parei e sujei a boca com amoras, fui me embora!...
Em casa, encontrei os dentes do serrote do Cerrado, molhados e enferrujados.
Mas estava abençoado, deixei nos muros da cidade versos dando meu recado.
Fora benzido pela Aninha, já não tenho mais medo de nenhum mau-olhado.
Desci a avenida Anhanguera,vi o Diabo Velho, não importa, acendi uma vela!
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Cora e curau
ChicosBandRabiscando
Poesia insana
Passamos a vida vivendo como gado,
marcados e cerceados em um pequeno espaço.
De manhã, levantamos e lavamos a cara.
Bem rápido, ligamos o carro,
aceleramos pra não chegarmos atrasados no trabalho.
Mas o trânsito para...
À frente, vai mais um enlatado.
Ah, isso não é raro!
Como pode caber tanta gente?
Realmente, somos um bando de formigas.
Que fadiga!
A cidade simplesmente gira...
Gira, e a gente transpira,
se complica com essa vida!
Vivemos numa grande ilha de mentiras.
Conectados, mas sem saída.
A dor se esconde por uma esquina,
avançamos sem quer sem um cão-guia.
Mas o mês passa,
e o sol racha...
O dinheiro parece que sempre é pouco.
No ringue, ganhamos mais um soco.
Deus, que sufoco!
Todo dia é assim...
É pra você,
é pra mim!
Nada parece diferente,
a não ser os acidentes
tão frequentes.
São gente da gente!
A vida urbana é mesmo insana.
O dia escorre e não socorre...
e o relógio só nos empata.
Até o poente, é faca nos dentes!
A vontade é de voltar logo pra casa,
comer aquele arroz antes que fique pra depois.
Pois um novo dia já nos chama,
e o jeito é pular da cama.
O que querem que eu faça?
Trocamos o verde por essa desgraça.
Quem sabe um dia isso acaba...
E a gente arruma as malas .
Ah, viver não é de graça.
Mas chega de tanta trapaça!
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Poesia insana
ChicosBandRabiscando