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sábado, 3 de maio de 2025

Cora e Curau ( texto)

 



Fui serrado pelos dentes ressecados do Cerrado.

Pisoteado pelo estouro do gado que invadiu o asfalto.

Vejam só o meu estado; chega, não quero mais!

Porque certas saudades tenho demais! 


Peguei as malas e tranquei a casa.

Burlei o tempo, parei na  Villa Boa de Goyaz.

Caminhei  os meus sonhos por aquelas ruas de pedras...

O vento trazia do campo um doce aroma de ervas.


Ela estava à janela, convidou-me a adentrar o seu humilde lar.

Era a Casa Velha da Ponte da Lapa, é onde a sua alma ficava. 

Sentei-me à mesa da sua gentileza, eu comi curau com Cora.

Noutra hora, a doce senhora  me serviu um bom arroz com pequi.


Logo ela viu que eu não era dali: 

__ Meu jovem rapaz,  por que chora?

__ Não se acanhe, puxa um banco , assente-se mais próximo de mim.

__ Esta vendo a Ponte da Lapa, ali passa mais do que água, flui a poesia! 

__ um copo, se embebeda dos versos, não terá mais sede nos dias.

__ Jovem moço, a vida para uns é um sopro, a outros, um eterno desgosto!


Sorri entendendo o que dizia a serenidade daqueles olhos, segui em paz...

Ainda olhei para trás, avistei a Casa Velha da Ponte abaixo de um monte.

Senti-me criança quando parei e sujei a boca com amoras, fui me embora!...

 

Em casa, encontrei os dentes do serrote do Cerrado, molhados e enferrujados. 

Mas estava abençoado, deixei nos muros da cidade versos dando meu recado.

Fora benzido pela Aninha, já não tenho mais medo de nenhum mau-olhado.

Desci a avenida Anhanguera,vi o Diabo Velho, não importa, acendi uma vela!


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Cora e curau

ChicosBandRabiscando



 

 

 

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