domingo, 23 de novembro de 2025
sábado, 22 de novembro de 2025
Além do mirante
Eu estava lá,
contemplava o mar.
Toda a minha poesia foi reduzida a uma singularidade.
Um simples ponto — a que chamei saudade!
Ali fiquei a chorar,
vendo as barcas passarem caladas,
levadas pelas águas.
Oxalá,
eu estava colapsando,
meu coração dilacerado.
Como se estivesse apaixonado.
As ondas batendo nas rochas,
gaivotas pousando, depois voando.
Era como se me abrissem uma porta.
Sentado ao longe,
me pus a pensar.
Já não tinha um nome.
No porto,
sobre o mirante,
minha alma navegante,
saltitante,
já estava distante…
______&_
Além do mirante
por ChicosBandRabiscando
Imagem:
https://images.pexels.com/photos/7539717/pexels-photo-7539717.jpeg
segunda-feira, 17 de novembro de 2025
O livro do amor
Para cada amor sentido,
existe uma página no livro.
Ainda que, pelo tempo,
calem-se os lamentos e juramentos,
nenhum ser amado é substituído.
O puro sentimento não padece ao relento.
O amor não tem prazo de validade,
tampouco morre na saudade.
O que se sublima, para sempre, brilha;
o amor, a si mesmo, se assina —
faz parte do firmamento.
Portanto, que ninguém diga
que o tempo tudo apagou.
Diga apenas:
a dor se curou,
a ferida cicatrizou.
No curso das águas há liberdade;
nenhuma lágrima se cala
até reencontrar o mar.
Quando a alma está cheia,
precisa transbordar pra se achar.
E, do alto, novamente cairá,
molhará a terra — renovando as primaveras.
E assim, sem falar de um fim,
criará novos jardins.
Pois, na sede,
correrá pelas veias,
reacendendo a centelha.
O amor simplesmente escorre,
tudo pode,
do sul, alcança o norte.
Que fique aqui escrito:
o hálito que sopra é divino,
faz parte do ciclo infinito...
Porque tudo que desce,
sobe;
não morre,
é sentido,
não pode ser perdido.
Amor,
esse estranho navegante,
chega-me de águas tão distantes!
Lava-me de todas as feridas.
Curado, presencio tua partida.
_____________&
O Livro do Amor
por ChicosBandRabiscando
Imagem:
https://www.pexels.com/pt-br/foto/mar-natureza-homem-oceano-7538771/
1971, um conto ao mar
Eu estava no ponto,
e só tinha um conto.
Um conto para passear.
Da janela avistei o mar...
Foi quando alguém me chamou:
— Seu moço, por acaso você tem algum troco?
Quem era aquele rosto?
Surpreso… percebi mais uma moeda no bolso.
Ela pegou, pagou o cobrador — que se calou —
e, sem dizer nada, tão perfumada,
sentou-se ao meu lado.
No trajeto falávamos de quase tudo — até de amor.
E assim decidiu descer comigo até a praia.
Não sei…
mas estava tão linda com aquela saia bordada.
Ah, Deus me valha!
Sob o mirante, nos beijamos ofegantes__
até parece que Iemanjá queria nos casar.
O ano era 1971, um verão,
não foi só mais um.
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1971, um conto ao mar
por ChicosBandRabiscando
Imagem:https://unsplash.com/pt-br/fotografias/um-casal-feliz-se-abraca-na-praia-ao-por-do-sol-C0Ph5vCSq3U


