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domingo, 20 de setembro de 2020

Fantine

Garota sumo, mulher da vida, carne para o consumo.

À porta mais um lobo; saliva a pingar, parecia louco.

_Vamos vamos! Tenho pressa tire logo essa roupa.

_Senhor, por favor, não quero que beije a minha boca.

_Primeiramente, vadia, o Senhor esta no céu. 

_Olhe pra mim, eu com você é "créu"!

_Acaso a "princesa" tem a boca virgem?

_Arre égua, mulher, não me deixe arretado, vixe!

_ Deite logo, quenga, paguei bem pra gozar seu corpo.

Mais um dia; outra noite, era assim tudo de novo...

Se despia; escondia sua alma, e no espelho não via.

Não sei; talvez ainda viva, ou já quase uma morta?

A noite não parava; os lobos chegavam, batiam à porta:

Instintos a flor da pele, ácido em libido, bebidas,

cigarros, curtidas, homens fedidos.

Garota de pouca fala, todavia, alma doída que não cala!

Qual deles poderia sentir o que pedia a sua alma?

Pagavam apenas por sexo; não, nada de regras!

Ficavam-lhe as suas garras, queriam uma total entrega.

Insaciáveis feras, "mastigavam cada pedaço da sua carne".

No vazio daquelas paredes sujas, já não tinha um nome.

E por que afinal, eles com isso se importariam?

Tudo se resumia a gula, a fome, assim, eles a consumiam.

Timidamente às vezes se alegrava quando os galos cantavam.

Era o fim de mais um turno; não do seu luto, sepulto!

Estirada sobre a cama; alma gelada, um olhar perdido e turvo.

Dava do seu prazer de mulher, porém, sem ganhar nenhum afeto.

Os ponteiros do puteiro teimavam em nunca girar ligeiros.

Ficava pelo seu corpo um asco de suor, pelos, mau cheiro!

Cada tiro lhe era certeiro ferindo de morte o seu destino.

Sentada na cama chorou; rosto inchado, estava machucado.

Em vão tentava esquecer a face daquele estúpido tarado.

Ouviu passos vindo do corredor, logo a porta se abriu:

_Garota, vai lavar esse rosto; pare já com isso!

_Você acha que tá ruim aqui? 

_Já se esqueceu? 

 _É  seu serviço, pagam bem pelo seu viço.

_ Menina, não sou cigana, e muito menos profetisa.

_ Lembre-se, a sua filha despende do que faz aqui.

_E quem te paga sou eu!

_Não me acuse, sei que sou uma boa cafetina. 

_Pegue, é o que ganhou no mês, e vê se não reclama.

_Vai, diz pra mim que também não curti se divertir?

_Se calou, entendo, agora arrume esta cama antes de ir.

No banco de uma praça um rapaz novamente a viu chorando:

_Por favor, moço, não fique assim me olhando.

_ Então me diga, o que foi com o seu rosto?

_Não se preocupe comigo,  isso não é nada.

_Como não é nada! A senhorita esta machucada.

_Senhorita, eu (?!)_Ela sorri ironicamente.

Só Deus sabia dos infernos que padecia a sua mente.

_Isso faz parte da minha estrada, coleciono desgostos.

Não disse mais nada ao jovem admirador da sua beleza

tão marcada.

Condoído, a viu seguir cabisbaixa pela calçada...



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Autor:(ChicosBandRabiscando)









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