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domingo, 21 de março de 2021

Devir...



Você se tornou esse silêncio;

sabe, ainda assim, te sinto,

penso-te!


Ainda que nasça o sol, já não amanheces.

Não me falas, tão pouco, me aborreces.

Em preces, nesta casa, agora te recordo.

Vazio ficou cada cômodo por tua falta.


Acordo, sinto-te, nem mais  revolto.

Destino, porque  nos faz assim tão pequeninos?

Outrora, tal como eu, brincavas, eras um menino!


Depois, você cresceu, se envelheceu.

Ficando a raiz,  tornastes um país.

Num belo dia, já não mais o vi!

Desapareceu num fim de tarde...


Nem fizestes alarde, não dissestes nada.

Abristes a porta, calado, tomaste a tua estrada...

Ao chão ficaram as sementes desta nossa dor em saudades!


Simplesmente voastes, trocastes de roupa,  mudastes  de lar.

Olho a tua cama; ali fincada, calada, posta no mesmo lugar.

Dói tentar entender os porquês; porque  sei, já não estais lá!

Entenda, não se oculta o vazio de uma amigável ausência. 


No teu canto mudo, relembro agora a sua saudosa presença.

Para mais, todo excesso de  silêncio, a mim, incomoda!

Visto que não se ocupa o vácuo com falsas aparências.


Quando esqueço, vejo-me a te procurar, a falar-te.

Contudo, sei que a alma é um ser do infinito...

Por isso penso, é lá que você há de estar!

Afinal, o que é a vida?


Seria uma essência, a chegada, depois, partida!...

Pode ser que seja isso mesmo, um eterno devir...

O que venha a ser o sentir?

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Autoria: ChicosBandRabiscando



Credites: https://unsplash.com/@davidmarcu

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