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domingo, 17 de fevereiro de 2019

A caneta sanguinária



_Caneta,
por que pensas ser mais que as letras?
_Você se acha tanto;
veja esta tua pele,
se misturou ao próprio manto.
_Mas quero lhe dizer uma coisa,
você não me é diferente.

_Vai, observe-se!

Esta vendo?
_Nem é transparente!
_Por isso, 
não minta!
_Não pra mim.
_Sei muito de você!
_Falo das coisas que povoam sua mente.
_Caneta de uma única tinta;
é isto!
_Este é o resumo do teu discurso;
sua doente!
_Caneta-rainha, você é uma ególatra.

_E sobre eles?
Sim, isso mesmo.
_Digo dos ratos que vivem a sua volta.
_Sinto que nem  a ti  sejam interessantes.
_Quero vê-los todos distantes.
_Ou melhor, corrigindo,
bom seria vê-los todos na praça.

_Imaginem a cena todos aqui:

Os tambores rufando,
pescoços postos as forcas,
a multidão gritando.
_Em  segundos,  a catarse;
 a nossa rendição!
_Inúteis membros estalando.
_Ah! Não se comovam por isso,
oh! Meu povo.
_Pois, afinal o que vale um puxa-saco? 
_Lhes respondo:
Nada!

_Mas para você, rainha-caneta,

talvez eles tenham a devida serventia.
_As tuas ordens forma-se uma grande fila,
lacaios, capachos;
todos ali.
_Assim ,você ordena:
venham lamber os meus saltos;
não parem, 
quero todos!
_Tediosa nobreza,
um bando de chatos.
_É  isso o que  acho.

_Atenção corte,
com a palavra a rainha  dos ofícios.
_Grande coisa você pensa ser!
_Meu Deus! Que desperdício!

_Vai, 

mude a tua face,
torne-se irada!
_Afinal, para mim você não tem disfarce.
_Risque tudo mais uma vez na  força bruta,
faça sucos bem profundos. 
_Rasgue tudo com tua ponta.
_Mostre   a todos  quem você é.
_Quem manda!
_Espalhe o terror sobre estas letras;
não é assim que você gosta?

_Que tudo manche!

_Que tudo manche!

_Não lhes darei meu amor.
_Assim, você diz.
Dar-lhes-eis o meu terror.
_Eu sei,
sempre soube  deste teu segredo.
_És uma caneta-rainha maquiavélica.
_A que expõe todo o sangue sobre o papel.
_Reconheço todos os teus passos,
as velhas linhas do teu enredo.
_Já diziam os velhos sábios:
_Daí poder a uma caneta;
façam isto, a conhecerão de verdade.

_Caneta sem berço,

você não tem linhagem,
apenas  a maldade.
_Quero que saiba que nenhuma alma viva lembrará de ti.
Porque o  teu ácido nem de longe tem o gosto do mel.
_Filha das sombras, você  é cruel.
_É cruel!
_Nem mesmo a bondade dos padres,
nem eles.
_Na tua morte ninguém lhe destinará ao menos um terço.
Nada será por ti.
_Nada!

_Olha ,
vou lhe dizer mais uma coisa;
 que todos aqui me ouçam.
_Sei que pagarei este preço,
pois, 
a verdade custará o meu fim.
_Acaso pensas que não sei?
_Estou á par dos teus planos sobre mim.
_Provavelmente esta noite tu me mates.
_Por isso,
caneta-rainha, dane-se!
_A minha língua já não é minha,
é de todo esse povo.
_É  por todos eles que  falo agora;
o teu destino já  não demora...

_Rainha louca,

insana!
_Não passas de uma doida varrida.
_Você é a prima-sombra  de Margot.
_Se o teu coração bate,
não o faz pela vida.
_São as batidas do terror;
aliás, 
nem sei  o que você é?
_Talvez um mostro;
sei lá?
_Mas nunca uma mulher!

_Veja este teu olhar,

não há como o disfarçar.
_Aqui! Aqui! 
 _Todos, olhem para mim.
_Percebam como esta rainha odeia as cores do mundo.

_Oh! Caneta-rainha,

queres que tudo sejam trevas.
_Pura vaidade para decorar  teu leito.
_ Alma sem fundo, terra sem paz!
_Nunca foste uma realeza!

_Uma coisa é certa,
jamais terás o meu  respeito.
_És  um eterno abismo em pesadelos.
_Nem mesmo as águas limpas tu poupas.
 _Onde tocas esta tua boca   fica turvo.
_Alma podre!
_Tudo o quer pisas pisas levanta larvas.

_Vejam estes pequenos rebentos.
_Coitada destas sofridas crianças, tão novas!
_Como não consegues ver a bondade dos anjos?
_Não  entendo?
_São apenas pequenos arcanjos.
_Jamais poderiam vir a lhe ofender; tão pouco,
ser um perigo o teu reinado de trevas. 

_Mas você não suporta estas pequenas fagulhas de luz.

_Quem dera tivesses um pouco de sensibilidade, 
poderias ver  que não passam de noviços-pirilampos. 
_Porém, ao teu comando ordens: _apaguem todos!
_Apaguem! Não os suporto
_Faz isso sem o mínimo   remorso.
_Como você é sádica!
_Se volta contra toda vida, quer a todos mortos.

_É, 
nada de bom vem deste teu coração.
_Dane-se  as crianças sonhadoras.
_Assim, você diz.
_Não passa de um ladra de sonhos.
_Nem   mesmo os teus olhinhos a comovem;
quem dera eu tivesse a coragem de os fintar,
não consegue!
_Desventuradas estrelinhas; sem um céu, 
um teto, nenhum abrigo!

_Malévola, duvido! 
_Duvido que dentro desta tua  alma ainda exista uma mulher.
_Pois, nem a morte busca dar-lhes de uma só vez
_Não. Que sobre elas caiam gradativamente lenta...
_Tudo faz parte deste teu jogo; de vez enquanto, 
de quanto em vez.
_Assim, joga-lhes um naco de pão.
_Não é assim que  faz com o pobre  povo?
_No mais, nada de novo!
_Tudo isso me abomina!

_Caneta-rainha, 
tediosa, a "deusinha" do mundo.
_Grande coisa!
_Vai,
pese sobre o papel  a tua ira mais  uma vez.
_Como você se acha, Eh!
_Se coloca acima do bem e do mal.
_A senhora das guerras.
_A  que escreve as próprias leis;
és as leis!

_Que todos agora ouçam as minhas palavras.

_Por mim falam pela verdade,
_Majestade,  não valeis nada!
_Uma impostora caneta bastarda.
_E  lhe digo mais, jamais irás para o céu.
_Pois, todo o inferno a espera, há décadas!

_Sei o quanto esta luz a incomoda;

 por isso que a inveja.
_Este fogo sobre os meus verbos é o lumes da verdade.
_É o  que  queimará estas cordas.
_Por que me violas?
_Por que me violas?

_Sorria, exponha tuas gargalhada irônicas.

_Esbanje esta ironia, o teu sádico poder.
_Mas, quero que  todos aqui saibam.
_Claramente vou lhe dizer:
_O teu destino, maldosa caneta, já foi traçado.
_Tantas almas por ti  outrora violadas!
_Jamais dormirás o sono da paz;
juro-te que por nenhum dia!
_Terás um fim nada tragicômico. 
_Porque todo fogo arde!
_Todo fogo arde!

_Oh! Desafiadora da luz,

pagarás em breve o teu  preço.
_Coração sem perdão; nada de voz restará,
nem ao menos um endereço.
_Vaticino agora  teu  epílogo.
_Que sobre ti os demônios das trevas.
_Que tragam suas labaredas de fogo,
e assim, a devorem!

_Tempo, eu o sinto!
_Venha  tempo como a um raio breve,
risque todo este céu!
_Revele tuas chamas.
_Badale como um sino.
_Pois, a  voz dos justos vos proclamam.

_ E antes que  me vá, 
ruja!
_Ruja o  bravo trovão!
_Oh, grande juiz do tempo!
_Venha com sua carruagem de fogo.
_Faça-se a tua justiça,  a leve!

_Rainha-caneta,

os vermes ansiosos a esperam.
_Que todos as devorem.
_E que nenhuma alma por ti, ore!
_Renasça,  rosa púrpura!
_Ressurja sobre esta grossa lama.
_Hosana!
_Hosana nas alturas!





Autor: (ChicosBandRabiscando)

                                                                              




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