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domingo, 10 de maio de 2020

Numa estação de Maio


Mãe,
perdoe aos nossos vacilos.
É que...
Às vezes saímos dos trilhos.

Por isso 
você ora.
Sei, mãe,
sabemos.
Tem noite que você chora!

É assim mesmo.
Pois, 
volta e meia a gente
descarrilha...

Ai, você nos diz:
_Esta vendo! 
_Eu avisei!

Oh! Senhora  profetisa.
Vaticina o que nos avisa.
Esperta, 
quase sempre esta certa.

Não é nenhum desculpa,
Senhora pitonisa.
Por favor, nos entenda.
Nem sempre é fácil andar por
linhas retas.

A gente vacila mesmo.
Escorrega e pisa  na bola.
Descuida do pisca-alerta.
Sai da reta sem dar seta.

Pacientemente a senhora 
ensaia o seu drama.
Claro que não consegue esconder;
não é, mãe?
A senhora nos ama!

Confessamos-te também, mãe.
Escondemos a varinha  debaixo
da tua cama.
Entretanto, agora  sabemos.
Sabemos que todos pagam um preço.
Pouco importa o  endereço.

Afinal, qual de nós que já
esqueceu teus velhos avisos?

_Filho toma jeito.
_Aonde esta o juízo?
_Vira gente!

Olha, não é bem assim, mãe.
Terá sempre o nosso respeito.
Visto que chega um dia e a gente 
aprende.
Aprende, sim, mãe!
Destas coisas que não se ensinam 
na escola.

É o que chamamos de tempo...
Acontece quando se faz uma família.
Deixamos um pouco de tanta teimosia.
Lembramos mais ainda de você, mãe.

Por quê?
Por quê?

Por que teus filhos não a escutava!
Saudosos dias que a gente não  te
ouvia!
Só que hoje estamos aqui aprendendo,
mãe.
Às duras penas buscando entender 
esta arte de viver.
Porém, 
agora tão longe de você!

Oh, manteiga derretida!
Nosso coraçãozinho mole!
Fique sabendo, saudades assim dói!
Parece paixão que se recolhe.
Remói!

Um dia se planta,
no outro  se colhe!
Sabe, mãe, 
tem filho que é covarde.
Mas pode deixar.
Vão morrendo noutro tipo de saudade.
Tão tarde!

Não chore!
Velha loba da matilha.
Por nós você briga.
Morde, até se humilha!
Não faz assim!
Tão lindo ficam os teus olhos.
Simplesmente brilham!

Agora, canta para mim,
para todos nós.
Canta, Senhora Maquinista.
Apita!
Anuncia a tua chegada por
nossa estação.
Estamos todos na pista.

Engate-nos, vagão a vagão.
Nos leve!
Queremos  voltar a viajar pelo 
teu chão...

Aprendemos com  as noites
também a pedir por ti.
Clamamos ao Pai-Nosso.
Ficamos tão melosos!

A benção, mãe.
E vê se não chora!
Aqui estamos te pedindo.
Seja novamente o nosso lar!
Palpita, bom coração.
Retorne, então!
Retorne para ficar.




Autor: (ChicosBandRabiscando)

Numa estação de Maio











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